segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

VÔMITOS


VÔMITOS
Sandro Sanchez

Por mais que eu diga que a fé acaba
que enquanto a esperança esteja viva
sabendo que não estarei sempre forte
apenas saberei
que o pacto com DEUS é o que vigora
que revigora
que infla
impacta
que sem a força
esta fé nunca me basta


Prioritário como a semente que cai
como a onda bate
que os pés descalços
são
estão
e serão empenhados em seguir
como a brisa que molha
como o palco que brilha
quando a luz inunda a pele
e sem sentido
me oriento

E sendo perseguido
pelo parto que a fé do início
sentecia
a cada dia que nasce
a cada pele que escama
e resseca
mas eu persistente
ciente do fim
pois assim o quero
o abrigo
o clero
o bastão no crânio
o tempero ardente


Então errei
mais uma vez
errei
vou tentando ser
quem não sou
e represento
como o motorista
que parece sempre
estável
mas não está
como a recepcionista
que brilha
no superficial
sendo sempre
outra pessoa


Paraplégico
sentimental
deficiente
emocional
paciente parado
aceitando o inanimado
anulando
o tão mofado
sentimento inicial


E a fé
que no começo
foi citada
hoje é rápida
fétida
como uma fada
voa
dribla meus pés
e nunca será alcançada


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

CESSAR


Cessar
Sandro Sanchez

Paro, farto, paro...
hora que não chega,
brilho que não vem
atenção que não tenho
interrompo agora
pois ninguém vê

recuso-me a dar continuidade
para isto
que talvez
seja reconhecido
somente
quando
já terei partido.

Está tudo muito correto
para continuar...

Peço que interrompa
a procura
de brilhos inéditos
vindo do nada.

convido a minha velha
covardia
para dançar
entrego-me
ao material
para poder
ao menos
proferir
e não mais
pecar no atrevimento
de sonhar

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"O" FÊNIX


"O" Fênix
Sandro Sanchez

abandonei por hora o sentimento
qualquer um deles
qualquer dor
arrepio
qualquer sorriso de esperança
lampejo de lembrança
e olhei-me


E vejo-me cada vez mais renascido
ressuscitado
lúcido
impermeável
de volta ao casulo
de tanto procurar-me
aqui estou
e o melhor
vivo
rígido
completo
áspero
mágico
e não mais previsível
tomo rumos
e não erro


Recriando
tomando forma
do disforme
preparado para romper
os corações
mais preconceituosos que existem
que até ontem
não me viam
mas serei indolor
eu acho

domingo, 22 de novembro de 2009

QUE PECADO ?


QUE PECADO?
Sandro Sanchez


Pleno de mim
até quando?
enfim
até quando o sol
teimar em aquecer um pequeno espaço
até quando o pão bastar
pra saciar minha fome
mas e as vestes de paz?
confesso que não estou
as encontrando
cada vez mais distante
de todos
ensaio até um diálogo
até divirto
mas apertado
o peito
sempre está


O que não pode voltar
que distante fique
pois deveria o meu caminhar
distanciar-me
do que foi
posso estar completo
mas por mais que digam
esta verdade artificial
sempre faltará
alguém para
me dizer
o quanto de nada necessito


subverto e admito
um contra-senso
o sentimento imenso
tento não dar a chance
mas mostro-me sempre fraco
tenho direitos
deveres
penso e sinto o que quero
mas quando aquilo que quero
quebra o salto
rasga o véu
perco-me na fantasia
e não admito
uma verdade absoluta.

sábado, 14 de novembro de 2009

MENINO E MENINA


MENINO E MENINA
Sandro Sanchez

Agora o menino e a menina volitam
penetram em novas mentes
e em estado gasoso
continuam perdidos
mas fingem se encontrar
terem se encontrado
seguem assim
penando
perambulando em outros corações
sabem onde deveriam estar
mas temem o estar
sonham sem parar
acordam transpirando
e voltam a volitar.

ALGUNS DIAS


ALGUNS DIAS
Sandro Sanchez

Palavras agora não tem mais tanta
importância
quando tenho em mim seu olhar
os dias agora
parecem poucos
quando nossas almas
são velhas conhecidas

Um beijo agora parece bom
quando posso flutuar em teu céu
um abraço agora é claro
mas me parece pequeno
diante do invólucro em nossos
corações


Sigamos então
peregrinando esta magia
sentindo o tato leve
a ânsia de alegria
quando você me recebe
os mil planos só pra ficarmos
sonhando...
lado a lado

A falta que faz
mesmo sabendo que estamos

embaralhados
mas queremos mais
e mesmo que em pele
não estivermos ás vezes
temos a certeza
que o coração fica aquecido
com nosso pensar

E como cuidamos
com o sentinela
feito de segredos
que são somente nossos
feito de apegos
o mundo pra todos melhorou
assim que despejamos
a magnífica vontade
de caminharmos
em campo florido

“...e em verdade te digo”
Que este combustível
Que
agora move essas vidas
é feito de reservas
Intermináveis
E pleno amor.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A VERDADE INVENTO


A VERDADE INVENTO
Sandro Sanchez

Num cálice fraco e lento
interiorizo minha fé
mas esta mesma fé que anteontem
era vil
e que hoje de forma plácida
me apoquenta
por hora ainda não me preenche
falta-me ainda algo
algo de não sei bem o quê
de plenitude


A verdade
esta sim falta-me
e por todo
de sempre
faltou-me
bem que tentei
mostrar-me de forma
clara
mas a ausência de graça
de uma margarida perfumada
de vida chamativa
nunca tive


E por fato
que concluo
encerro e findo
a minha verdadeira vida
e vou rastejando
na extremidade
da minha
inventiva verdade

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

AGRACIADO


AGRACIADO
Sandro Sanchez

Estou acostumando-me
ainda
com a sensação de leveza
alegria
certeza
e torpor

De início soava-me
a estranheza de nunca ter sido
agraciado
com imensa sorte
com tamanho carinho
com sincera e incondicional
preocupação


Estava até então em fécula
estático em pensamento
portentoso na solidão
mas,
serviram-me teu lábio
e todo o seu
fardo leve,
de sonhos


Sinto-me mais eu
mas não somente
eu
que faço esta
face sorrir
e sim o formato
perene
a pele
envolta em maciez
sem fim
ao menos hoje


Esta noite
eu sempre quis
esta flor de lótus
que em vasto céu
me deu a mão
e assim
então
desde então
vamos caminhar
sob artifícios
e sobre você
meu calor...

QUERIA ADORMECER


QUERIA ADORMECER
Sandro Sanchez

Herdei a confusão
a lembrança da textura da pele
herdei o perfume
o jeito escondido de viver


herdei a complicação
a delicadeza de fazer
o modo ereto de caminhar
o ato sem agir
que intimida


Sobrou a falta de fome
a flor que não se cheira
a exigência de ser afável
a plástica
a aparência
o sonho
o pesadelo
todas as noites
sem exceção


Ficou uma vontade
que o tempo teima
em não dissipar
o vento queima a pele
quando entro no campo
no tema
no seu espaço


Restou a elegância
a ânsia de descobrir
a prática do manuseio
a incerteza nas relações
a pureza da voz
a leveza
e por fim
a estranheza
adorável.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

TANTOS NORMAIS


TANTOS NORMAIS
Sandro Sanchez

Tantos são normais
tantos estão
aprumados
e intensamente normais
doloridos e normais

Sempre limpos
foscos
de bom caimento
perfeitos
belos
apenas em mim
não os encontro

Sou perecível
perto destas meninas
falível
mas em pensamento
este sim
me favorece
e criva
um tanto de esperança

Mas este mesmo pensamento
me prega peças
tira-me o chão
a firmeza
e torno a pensar nos normais

Normais
que de tão normais
chego
a desejar
juntar-me
e contrair
a sanidade

destes normais

não, jamás.

VAZIO


VAZIO
Sandro Sanchez

Sem idéia
sem conteúdo
penso no vazio
faltou fala
sobrou confusão
um branco
no vento também não encontro

Tanto acontecimento
quanto pensamento
simultâneo
vastos, tantas
flores agora
neste momento
não me encantam

Dia-dia
ação igual
entrego-me
a mesmisse
a mecânica
de ficar sempre no mesmo lugar
no mesmo banco
com a mesma face

Não tenho sido convidativo
assumo
a postura
de observar
e apenas
observar...

abandonei este prelúdio
fui direto
e sem pestanejo
ao fim
e não devo explicações
apenas vazio...

NÃO PODE SER SÓ ISSO


NÃO PODE SER SÓ ISSO
Sandro Sanchez

Meu mundo não pode ser só este
preciso viajar
preciso respirar
dar voltas
e descobrir o amor

Preciso vagar
no mar
pois sem sal
estou
tenho que sair
dar vazão a paixão
por esta vida

Estou preso
tenho que saltar
a vida não pode ser
somente isso
somente esta janela

Procuro alguém que me ame
pelo que sou
não pelo que pareço ser
preciso sair
viajar
transitar no véu
do mundo

Tenho que sair
pensar em todos nós
fazer do amor
ao próximo
um "hit"

Ter alguém
pra me olhar todo dia
por todo o dia
e dizer o quanto me quer
e o quanto a quero

Este não é meu lugar
lugar é tudo
preciso descobrir
e ser irresponsável com a lei
descobrir mais
conhecer mais
caminhar
muito mais...
procurar quem se sente...
onde estão os puros?
e os menos superficiais...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

INVENTADO RUGAS


INVENTANDO RUGAS
Sandro Sanchez

São passageiros
que deixo passar
não percebo
e quando vejo
fui despistado

Assusto então
será que devo de vez assumir
uma idade que não tenho?
sou pressionado a envelhecer
como posso ser
e gostar
de pautas
que não me pertencem?


Pecador de fato
por não envelhecer
por me atualizar
nem tentam
suponham
que como todos os outros
também envelheci

Não ouvem
não vêem
que o fardo e o rastro
só passa
pra quem sem graça
ou de graça
aceita

Pavor de ser ridículo
mas sei que não sou
devo envelhecer então?
pra encaixar-me
na instrução
na lei
devo usar sapatos?
criar rugas?

ter bens e
vangloriar-me
de ser estável
palpável
de realizar reformas
de despertar manhãzinha


.....de somente falar a língua da minha década?

AO REDOR


AO REDOR
Sandro Sanchez

É tudo muito lento
neste momento
sou vedor deste
deste fato
paciente de um quarto
neste profundo e improvável
tempo

Estou ainda pecando
mas agora
de forma mais vaga
a moça que acabou de passar
estranhou-me

A aeronave que flutuou sobre mim
percebeu-me
o estouro no céu
brindou-me
a luz na casa distante
me chamou

As folhas então
estáticas estão
a sombra é maior
o automotor não me
notou

O inseto parou pra me fitar
a música acelerou
mas parou logo em seguida
a vila está vazia
os bípedes não vieram

Meu corpo está em fervor
suando pra detalhes
de resto
nada moveu-se
a não ser a luz da casa distante
que se apagou

O MEU PERDÃO


O MEU PERDÃO
Sandro Sanchez

Me perdoem todos os leitores
se os assusto
se os amedronto
se os causo horrores

Se manifesto a preocupação
se os deixo no meio do pântano
se declaro minha escuridão
se faço chover a "cântaros"

Perdoem não a mim
mas a minha verdade
perdoem este sofrimento sem fim
e se puderem
me matem

Não foi intencional
causar tristeza
ser brutal
nem quero avareza
apenas quero
uma condicional

Peço sinceras desculpas
pelos meus sofrimentos
por minhas frustrações avulsas
peço arrego
um mar
um céu
um entendimento


Desculpem o equívoco
o erro
o trágico e o lírico
o máximo
o mínimo
por ter sido pálido
patético
e crítico.

Meu perdão
pra você que entristeceu
ao ler
tentar entender
o sofrimento meu
prometo aquecer
este coração
sem vida
sem sombra
com brisa
com ondas
com a fibra
que não se moveu.

NÃO MENTE


NÃO MENTE
Sandro Sanchez

Senta aqui na minha frente
e quando te perguntar sobre mim
não mente

Aperta minha mão
olha pra dentro do meu coração
se aguente
não segure pra sempre
esta sua emoção

Pare de cercar doentes
me aceite,
mesmo que uma serpente
te diga que não

Às vezes
preciso de um ente
pra passear sobre o leito
da minha oração

Venha pra mim
se enfeite
e olha pra essa gente
de aparente fração

E quando for prudente
não esqueça que a mente
não chega perto
nem sente
o que faço de bom

E quando estiver crente
que acabou a paixão
acorde, quebre a corrente
pois assim se sente
e se obtém o perdão

E sob a lente
deste seu escrevente
tudo é imaginação
a sanidade caminha rente
a alegria depende
da sua aparição

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

PARADO (UM POUCO)


PARADO (UM POUCO)
Sandro Sanchez

Vou parar um pouco
não tenho tido luminosidade
nem sinônimos
metáforas
expressões
nem paz canina


No embate eterno
contra mim
perco eu... e só eu


Vou parar um pouco
tornar-me mais e mais
invisível um pouco
sentar , sorver
soluçar sem querer parar


Então paro um pouco
estou seco
você já sabia
me conhecem tão bem
porém não sabem cuidar



Parei um pouco
e não uso almas e corpos
para esquecer outros
por mais que sei que faça

você as almas e espíritos
agrada


Tudo parado
sem quetais
e aqui fico
findo
fecho-me
pro querer.

EXPLICANDO


EXPLICANDO
Sandro Sanchez

Passei aqui um bom tempo
uns bons parágrafos
a me defender
tenho que me explicar
mesmo sem precisar
lhe devo satisfação
mesmo ciente
que vai dar de ombros
como sempre

Como sempre me expliquei
passei quase uma vida
até agora
explicando-me
dando álibis
mesmo sem precisar

É este o trauma
de sempre
ter sido acusado
e julgado
por coisas que nunca fiz

Então explico-me
suplico agora
por um perdão sem hora
minhas cem horas
senhora do tempo
menina do vento
"moleca" do mundo


Entenda agora
que noventa por cento
eu não fiz
mas sempre alguém
esperou explicação

Então está aí
uma eterna satisfação
uma submissão
uma fraqueza
para encher a cabeça de vocês
de calma
de alívio
e certeza.

sábado, 26 de setembro de 2009

A ÚNICA POESIA


A ÚNICA POESIA
Sandro Sanchez

Cometo pecado enquanto canto
e quanto manto queria ser santo?
e eu em pranto não sinto
o peso tanto

Pelo lado que me farto
assim me faço parto
e na rua enfarto
e em cada canto
sozinho me mato


Cada anjo que mato
é um prato de atos
de misturas
fatos
que em pranto
me arrependo
mas faço

um lastro
um lustre
um lacre
uma lembrança
enche minha pança de mato


Chega de fato
nunca vi nenhum vasto
pedestal
que me faça
ser normal
e me faça ser pasto

Alguém aí
me pegue
sacuda pelo pé
me bata
me negue
me ame
e esfregue na cara
a verdade da vida
sofrida
minha convalida imagem
mas me aceite
sem pé
nem cabeça
na filmagem me enobreça
e me queira com fé.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A PRISÃO


A PRISÃO
Sandro Sanchez

Onde estão as delícias da vida?

a vida...

uma espécie de espera
onde ocupamos nosso tempo
uma especie de inércia atarefada
uma reclusão


Estamos presos e fomos trancafiados
aqui para esperar
ao menos nos deram o que fazer


brigamos...
mal dizemos..
invejamos...
trabalhamos...
desprezamos...
maltratamos...
estudamos...
sofremos...
desrespeitamos...
mas sempre estamos em agonia...
pois a morte
vem com a chave
e nos liberta
desta prisão cheia de passatempos


E quando acaba a vida
nada valeu
não importa quanto prosperou
quanto aprendeu
quanto intelectual e inteligente foi


O importante é
viver na reclusão da vida
amando
pois quando amamos,
e nos doamos para o amor
ganhamos um colchão na prisão
uma roupa limpa

Um hábeas corpus para a
ALMA

SOCORRO


SOCORRO!
Sandro Sanchez

Eu clamo por socorro
e não é de ontem
e é pra ontem
não sei mais quantas vezes eu terei que dizer
que errei já muito
e não sei quantas vezes direi que tantos erram
também
não sei se atingi o nirvana para entender
que no erro cabe culpa
que no erro cabe perdão
o que faço é obrigação
o que me fazem
é caridade

Preciso de alguém que me defenda
com extrema urgência
não suporto mais desprezos
não suporto mais friezas
tenha piedade
acolha-me


Estou doente
o desprezo adoeceu-me
desprezo de mãe
frieza de manos
alguém
socorro!

Alguém que me queira
que lute comigo
e por mim
que vá comigo
que ilustre minha pureza
o meu bem
pois só
não consigo mais

Estou fazendo tudo certo
mas a pena parece eterna
não me sinto filho
não me sinto irmão
parente, amigo, cidadão
não me sinto parte de nada
de tudo isso
por favor
fale por mim
diga que também sou bom
e mereço
um pouco de mel

sábado, 12 de setembro de 2009

SEJA BEM VINDO


SEJA BEM VINDO
Sandro Sanchez

Bem vindo ao que não se pode sentir
por mim
escancaro minha vida
minha desqualificada e sem emoção
minhas dúvidas
minhas balburdias
meu excremento
meu modo
frenético de pensar e de
calcular
planejar
planos inviáveis
de sonhar
tanto
de sonhar muito
que o tempo voltará
e observo
sou observado
e na dificuldade
de me relacionar
vou leve
e vou cego
controlando-me
tomo emprestado a luz da lua
vou aprendendo a viver só
em multidões

A CHANCE


A CHANCE
Sandro Sanchez

Quando se chega a um ponto
em que não há mais saída
nem entrada
pensou-se em tudo
tentou-se achar uma mínima semente no chão
e nada

Quando se abriu todas as portas
e todas estão vazias
já se lambeu o prato
já dobrou-se ao máximo o papel
já se tentou dormir sem sono
já se tentou a suplica
a poética feita de ultima hora

O diálogo já acabou
o dinheiro também
o cigarro é fiel amigo
amigos não tenho
por esquece-los
e apostar numa só amizade

E agora "aquela amizade"
meu companheiro
já se foi
e te olham com um transmissor
de doença grave
quando se chega só


gaguejo prontamente
quando sou pégo
de sopetão
mas tá tudo bem
eu talvez tenha pedido isso


Quando se está sem planos
se está sem ângulos obitusos
sem aliança no dedo
o medo
está incluso
mas de lado
eu o deixo
pra poder entender
o desleixo
enrrugado
o prato salgado
é de fato
a estrada
agora obrigado
por não ter me dado

A chance .....empenhada

EM PRANTOS


EM PRANTOS
Sandro Sanchez

Se você lê isto
não me abandone, por favor
eu tenho sofrido tanto
acredite em minha verdade
poxa
eu tenho tanto pra te mostrar

Tanto pra te dizer
nem quero mais me defender
nem quero mais te provar
eu nunca inventei
mas se você acha que não é real
vou parar de inventar verdades

Mas, por favor
não suma
não pague a sua dor
com dor em troca

Talvez eu necessite passar por isto
mas sem ninguém
eu não consigo
sem você eu não consigo
você sabe que estou só agora


Literalmente só
impiedosamente só
acredita em lembrança?
acredita em coração?
em almas?
em vidas?
então não esqueça desta
por favor


Parece que nada de bom eu fiz
talvez não tenha feito mesmo
mas não me trate assim
não me esqueça
está muito difícil
tem coisas que passam
mas isto não

Sei que fiz muito mal
mas deixe-me mostrar como voltei a ser
e vou ao reencontro
cada vez mais

Me ouça de forma limpa

ao menos uma vez
não maltrate este
que te ama

Mas se não for possível
obrigado

É DISTO QUE PRECISO


É DISTO QUE PRECISO
Sandro Sanchez

É necessário este auto-flagelo
sinto-me confortável
sinto-me necessário
importante é
estar no refazendo


Mesmo que a veia seja purulenta
o tato áspero
o tempo gasoso
o nervo rígido
a face em queda
é disto que preciso

Não posso cessar-me
sem pensar um tanto
o pranto não pode e nem irá
emudecer-me
não permitiria
tal deslize
seria imperdoável


Banho-me de realidade
a água
o liquido frio
a agressão na face
o parto permissivo
a prenha envergonhada
é disto que preciso


Sim, é dor e maligno
assim me parece
mas enquanto vivo
é disto que preciso.

domingo, 6 de setembro de 2009

PEQUEI SÓ


PEQUEI SÓ
Sandro Sanchez

Eu chorei
e fiz chorar
eu sofri
e fiz sofrer
acreditei
e fiz acreditar
magoei
e fiz magoar


Eu amei
e não fiz amar
eu desejei
e não fiz desejar
eu tentei
e não fiz tentar

Enlouqueci
e enlouqueceram comigo
perdi
perderam-se comigo
blasfemei
e comigo blasfemaram

Mal disse
mal disseram então

Errei
errei sozinho...
como não poderia deixar de ser
não quis influenciar
e destruir em troca

não me fortaleço com isso
e saio fraco

COMO SEMPRE FUI


COMO SEMPRE FUI
Sandro Sanchez

Não caio mais na cilada que me foi armada
não sou mais pego de surpresa pelo descontrole
não vou reagir a maus tratos
a friezas
a desprezos
e provocações
para o meu único bem


Volto a me conhecer
a me reconhecer
estou convecido
de que não sou o monstro
que fizeram-me acreditar que era
talvez por isso é que
te procurei

Para mostrar-me como sempre fui
a décadas
é que a procurei
não mudei
apenas voltei
a tomar posse de mim

Como sempre fui
desafeto da violência
inimigo da calúnia
cego de confiança
sem jeito pra maldade
e de romance com a ingenuidade


este sim sou eu
como sempre fui

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

QUANDO CRIANÇA


QUANDO CRIANÇA
Sandro Sanchez

um dia
quando criança
cheguei a crer
que possuía
dois pais

um...amável
o outro...amedrontador
sentia com frequência
a falta
do amável

Cheguei a ponto
de
quando criança
pedir em quarto escuro
que o amável voltasse
e como pedia
pois era aquele que amava


as vezes ele voltava
pra uma breve visita
era espantoso
quando automaticamente
meu outro pai entrava pela porta
e eu
quando criança
entristecia
por quê o mau voltara


cheguei a crer
quando criança
que o mau
aprisionava
o bom
e não o deixava sair


e hoje
quando semi-formado que sou
acredito
que o bom
aquele amável
morreu
definhou-se
esquecido
e aprisionado
pelo meu
agora eterno
mau pai...

e plenamente...

EU O PERDÔO...

O TRANSPORTE


O TRANSPORTE
Sandro Sanchez

Mas que exaustiva
É
esta vida de rotinas
que embaraço temos que enfrentar
sufocados numa prisão temporária
sem satisfação
sem respeito
e pagamos por isso


Pagamos por obrigação
não por favor
e corremos
ah...e como corremos
pois não sabemos
se funcionará perfeitamente o próximo


E somos olhados como gados
sacolejados e espremidos
e ai de quem reclamar daquilo


Em nossos olhos,tristeza e solidão
mas não podemos parar
tem que ser sempre assim?
sem saída, sem escolha
sem horários definidos

Somos "atendidos"
por quem não entende
e não vive aquilo
mas de tão cansados
achamos normal
e novamente como gados
apenas seguimos e
usamos o que nos é ofertado

Alguns até esbravejam
mas sem sucesso
outros olham
e reprovam
como se pode reclamar ?
temos que nos acostumar
e rapidamente nos modificar
de seres humanos
a esquecidos.

VAI MENINA


VAI MENINA
Sandro Sanchez

Vai menina
mergulha na vida
separa-te do mal
caminhe em migalhas
não te preocupaste
a vida é sua afinal

Não te pertuba
segue como sempre
perene
engole esta mácula
guarda esta faca
já que penas não sente


Continue assim
erguida
lépida e firme
sem pensar muito
senão cansas
como se cansou de tantos
sem unhas mansas
caminha....sem prantos

Torcida tu tens
platéia
de um só
pra isto
somente eu é quem guarda
a tua força
de mulher cruel
de mulher que se deseja
ser desejada
sabe de tua força
não é mulher enganada

Vai agora
mas não erre mais tanto
não leve tantos outros aos prantos
não desista de teus objectivos
mas não desmonte
sonhos alheios pra isto.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

SOMENTE EU


SOMENTE EU
Sandro Sanchez

Esta é ou será
a última poesia
que rabisco na lamentação
na dor
no sofrimento e
na derrota
e na esperança
alheia

somente eu agora interesso
já perdi tempo precioso
já esqueci muito de mim
muito mal também já fiz
não vou impor mais meu ritmo


agora somente eu
importo
somente eu quem merece atenção
carinho e dedicação
e retorno a mim mesmo
vou dar
ao resto respeito
educação
e basta

pensar
somente em mim
lutar por mim
realizar por mim
e não pense você que me influenciou
a fazer isto
nada de bom mesmo ficou
nem mesmo o bem que fiz
agora não mais importa
não mais

agora somente eu
vou merecer atenção
sem esconder de mim e dos outros
meus involuntários fracassos
não terei vergonha de mim
e isto não é precipitado
nem um desabafo
só despertei

você deve pensar, que alívio!
alívio de quê?
alívio pra quê?
de quem?
pois se secundário eu sempre fui


agora somente eu
vou colher as flores e vou presentear-me
vou me buscar, me deixar e me receber

vou me ligar pra saber como estou
vou excessivamente pergutar-me se preciso de algo
vou sufocadamente cuidar da minha integridade
se atraso, somente satisfação a mim
pro resto respeito


vou dar-me o prato mais suculento
o passeio mais bonito
a viagem mais inesquecível
o carinho mais fraterno
o conselho mais benéfico e vou aceitar
sabendo que mesmo sendo rude, é benéfico

vou acordar pensando em mim
adormecer vigiando-me
vou encher-me de alertas
e comodismos
de favores e repetidos retornos
vou agradecer por me preocupar comigo
vou sair e dar-me o melhor lugar
o melhor trago de drink
vou rodar até achar pra mim
um espaço digno merecedor de mim

enviarei-me cartas
dizendo coisas belas e certezas agradáveis que nunca ouvi
vou falar pra mim
que sou importante
vou olhar dentro dos meus olhos e direi a mim
que aconteça o que acontecer
estarei aqui....
comigo.

sábado, 15 de agosto de 2009

AÇÃO DO TEMPO


AÇÃO DO TEMPO
Sandro Sanchez

Não me reconheço mais no espelho
não me encaro mais
foi fulminante
mais forte do que tudo que já vi
mais tenso do que tudo que já senti
mais insano do que tudo.....
muito apaixonante
destruidor
viril

Não coordeno meu pensar
ordeno silêncio
deformação lenta
não penso mais antes
nem planos mais faço
perdi a atenção nos detalhes
baixei a guarda
sou marionete de algúem
de quem quiser
basta ordenar
nem fugir quero
nem amor
contento-me com o que me oferecem
só exijo condenação
sem reação
inércia
morto sem lápide
cova sem terra
funeral sem oração
já sinto os sintomas de cansaço
minando-me
a saúde é fraca
a degradação é lenta
como tudo por aqui
resta-me esperar
vou almoçar agora
mandaram
então vou
agora
estou velho, sem projetos concretos
da inexorável ação do tempo
sou refém
e talvez você nem saiba........
nem queira saber.

VEJA-ME


VEJA-ME
Sandro Sanchez

Vê se não some
se não desaparece
algo ficou
sem explicação, falta algo
falta o fim derradeiro
ou o começo verdadeiro

vê se pensa
e acalma
não emudeça
vê se fala
não me esqueça


vê se ama
calma
ama
fala
pensa
e resolve vir
faltou algo
sempre vai faltar
algo pra ser resolvido

vê se resolve
se lembra
se enfeita
e vem
sem medo
não precisa
você sabe

vê se resolve
resolveremos
mas venha certa
imensa
brilhante
com fibra
venha
e
resolve

DESTE JEITO, PRA UMA ETERNIDADE


DESTE JEITO,PRA UMA ETERNIDADE
Sandro Sanchez

Sempre suspeito
sempre réu
acusado
já é lei
a minha boa vontade
é vista como
um interesse
agora já mudei
de tanto açoite moral
agora tanto faz
não vou reagir
mais a nada
quero silêncio
peço paz
respeito
palavras de cor
de brilho
e certezas
mas que digam
bem alto para que se possa ouvir
agora só o pavor
estou doutrinado
mudado e mudo
cego e manco
pasmo e farto
medroso e só
só e preso

e calmo

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

AGORA VERDADE


AGORA VERDADE
Sandro Sanchez

Queria afeto
carinho EXPLÍCITO
que sentissem prazer
em me ter
ao lado
não obrigação
por não ter saída
que ao menor deslize
não fosse desprezado
com prazer

Não sou querido aqui
nunca fui
a verdade tem que ser dita
já me apresentei ao mundo
atrapalhando
meus pecados são os piores
e
os erros os maiores

Já disse
que o que digo
como digo
é prontamente rejeitado
se falo sou marginal
se oiço
é porque mereço


Ah então basta,
então chega
sempre desacreditado
sempre o que fiz foi normal
pensem o que quiser
que se foda


Desabafo porque sinto
falo porque penso
calo porque dói
eu relevo
afinal
sou pivô
de vidas mal vividas
de matrimônios forçados
essa a minha herança
mas bastou-se
preciso ter vida
uma vida verdadeira
que gostem de estar ao meu lado
na míngua
na chuva
no meio do inferno

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

AGUARDO


AGUARDO
Sandro Sanchez

De comportamento endógeno
e exógeno
somos nós
sou eu
sou você
mas despenquei
caí e enxerguei
tropecei e pude ver
no mais
fui ajudado
enxergo macro
sinto macro também
tudo diminuiu
assim como a ansiedade
o show
o melhor espetáculo
foi esse
ainda sem bis
mas um dia
acordará
e pensará de novo
e vai sonhar e lutar
pra subir ao palco novamente
pra sair dos bastidores
pra descabelar-se
e enfim
amar-me
mesmo sem saber o porquê


enquanto meu texto
meu rabisco
fica fraco
e pobre
você sempre forte
fortificada pela dúvida
pelo meu desejo
pela sua dúvida
de me querer
como é ruim fazer de novo
e sempre ser exacto
tem horas que o amor me dói
mas espero
pois vai voltar
eu sei que vai
acordar corada
e sem olhar aos lados
virá

sábado, 1 de agosto de 2009

CLARIDADE


CLARIDADE
Sandro Sanchez

Posso não ser culto o bastante
posso não ser intelectual o bastante
não ter a didatica
a delicadeza
posso não saber escolher as palavras
não ter o entendimento
a evidência
a clareza
a prosa inteligente
a pausa oportuna

Mas o que se passa
aqui
o que tenho aqui
somente em mim, sei
a experiência periférica
simples
ingênua
sem ostentação
o sentimento simples
a lágrima descomplicada
a dor
quando oiço a melodia
a frase simples e feita
sem invenção
o algodão doce no parque
a ignorância de um manipulado


Continuo aqui
terminando
acabando
pois um do povo
resolveu pensar
e se perdeu
e não vai mais se encontrar
está acabando

nunca mais...

EXERCÍCIO NO NADA


EXERCÍCIO NO NADA
Sandro Sanchez

Juro que tentei
e tento todo dia
manter-me na normalidade
mas em qualquer lacuna de pensamento
vem ...


Juro que tento manter-me fora
do nada
tento tanto que tento
que não tenho mais o que tentar
nem mais o quê pra se ocupar

Resta-me definhar
em avisos
eu disse
e no final estou
vivo na mecânica de fazer
agora apenas para vocês
por mim não quero mais

Sem pensar muito
pois sem pensar já é dificil
sem querer já é espinhoso
minha vontade não vale mais
não é mais por mim
sou corpo
cabeça

alma não....

MEDÍOCRE


MEDÍOCRE
Sandro Sanchez

Coisas que nunca aconteceram
ocorrem comigo agora
inconformado com a frieza
como se pode
livrar-se tão fácil de coisa tão marcante?
cada vez mais pasmo
como se pode simplesmente fazer que nada aconteceu?
é assim que chego a conclusão
de que nunca fui importante


Marco as vidas de forma negativa
estou farto de esperar
de fantasiar ocasiões
de achar que pode acontecer comigo

Coincidências, milagres e perdões
apenas acontecem com quem
não espera
com quem não alimenta

Fico rodeando
travado
parado, estático e medíocre
sem coragem pra tomar uma atitude
definitiva
com sou medíocre
fraco
não quero mais escrever
você tinha razão
sou previsível
e breve
nada em mim é real
é dom
é bom
preciso de uma trombada
um sacolejo
uma morte......
uma brisa que fosse.

PREVISÍVEL


PREVISÍVEL
Sandro Sanchez


Milagres nunca vão acontecer
o tempo nunca vai voltar
então por que a lembrança volta?
por que o passado existe?
deve-se isso apenas ao tormento

Nunca tive surpresas
factos inesperados
perdões impossíveis
amores rasgados
uma mensagem que me surpreendesse


até então foi tudo tão exacto
tão previsto
regrado
são
nunca nada fugiu ao roteiro
de vida medíocre
de amores que superam a todos

e quando me ocorre uma insanidade
me dura pouco
e logo
volta a lei
tenho o talvez
porém nunca foi suponho verdadeiro
e se foi....

não era louco.

NUNCA FUI EU AQUI


NUNCA FUI EU AQUI
Sandro Sanchez

Não sou eu que escrevo isto
leio depois
e se não me agrada
deixo
pois não fui eu quem escreveu
não seria capaz de executar tal tarefa
deixo-me de lado
lembro das coisas que agradam
saio correndo atrás do cordeiro
enfurecido por não alcançá-lo
caminho na grama
observo de longe
o outro escrevendo
minha alma não seria
talvez
a baixa vibração
que sempre quem escreve contrai
e contrai o ausente
sempre desligo-me
das facetas vividas de todo esse povo
meu passado é um sonho
o presente é desespero
o futuro
não tive
quem escreve é assim
livre de julgamento
não preocupadas
com o que vão mexericar
de nós
escrever é assim
emprestar o corpo pra que um desconhecido
venha desabafar por nós

segunda-feira, 20 de julho de 2009

FALTA-ME


FALTA-ME
Sandro Sanchez


Falta-me um beijo
uma carícia
um olhar no fundo do meu
um silêncio esclarecedor
um passeio na alvorada
o programa programado
a atenção
a dedicação
o não fazer nada
deixar pra depois, pra bem depois

Falta-me o acolhimento
falta-me um rosto pra beijar
um corpo pra abraçar
falta-me
um elogio
o agradecimento
a absoluta atenção
falta-me
pra cuidar
proteger
e ouvir obrigado
meu anjo

Falta-me
o amanhecer descompromissado de hora
o esquecer da hora
o nada fazer
apenas contemplar
o fato de estar


Falta-me
um sorriso de satisfação
de coisa pouca

Falta-me voltar a viver...

domingo, 19 de julho de 2009

EXPOSIÇÃO


EXPOSIÇÃO
Sandro sanchez

Tento ser forte
me mostrar aguerrido e valente
até arrogante
até inteligente
e culto
tento mostrar-me exclusivo
mas estou nocauteado por dores
ah! as dores essas sim me compreendem
e sabem da enorme farsa que sempre fui


Não caiam na minha lábia
estou avisando
sou cinza por dentro
puro bolor
da próxima vez
vou estar tentando de novo
não ser quem fui
e não lembrar
dos meus imensos pecados
do tempo perdido
do rio que correu e eu aqui
esperando que o milagre aconteça

A plenitude não me acha
e eu não a procuro
nem penso antes
só penso depois
depois que já
está feito

Caiu minha máscara
meu batom borrou, manchou meu dente
e eu inerte
como sempre

terça-feira, 14 de julho de 2009

...NÃO APRENDO E CANSO


...NÃO APRENDO E CANSO
Sandro Sanchez

Ultimamente tenho tido
ataques de indagação
sim meu amigo
ataques como fosse um adolescente
como se a insegurança sempre tenha feito parte de mim
a ansiedade de querer descobrir
de querer resultados rápidos
respostas imediatas
alívios voadores

Sabe meu amigo
os "da silva"
sempre me disseram
pra eu ter paciência
não acreditar
não esperar seguranças
nem certezas

Mas eu, meu amigo
sempre fiz o contrário
o oposto
a contramão de tudo
talvez por não conseguir adaptar-me ao certo

Cansado de escrever, exausto de expor-me
não é desta vez que isto adiantaria
preciso parar de rastejar-me pra quem nem conheço
ô vazio eterno, que não me deixa parar de fumar
que não me deixa ser mais eu
e menos todos vocês

domingo, 12 de julho de 2009

PARTÍCULAS DA BOA FÉ


PARTÍCULAS DA BOA FÉ
Sandro Sanchez

Se sabes do que estou falando,
Por favor lhe peço
não me enxovalhe mais
não mais do que estou
suficientemente enxovalhado
e se for para sofrer mais
pra escutar mais
deixe que buscarei
isso em mim
não é uma ordem
nem um pedido
é o sufoco
da descoberta
a agonia
do espelho
a eficácia da lembrança
que volta forte
mas não volta ao seu lugar


É aquela rua
aquele sol
quase insuportável
de vida
aquela luz
que somente eu vi
por estar ocioso
por plantar em demasia
o sonho naquela terra seca
coberta por UM naco de esperança


é só.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

ME ESPERE PRA AMANHÃ


ME ESPERE PRA AMANHÃ
Sandro Sanchez

Eu cada vez mais ridículo
Cada vez mais sem nada
Sem nexo
Agarrando-me em passado
Sonhado com milagres
Que mesmo sabendo que não vem
Me fazem seguir
Mesmo sem rumo
Mas seguir...

Eu que cada vez que acordo
Passo o dia cochilando
Por não ter motivos nem razões
Nem sentidos
Nem caminhos para acordar


Além de tudo ainda tomo o tempo
Dos bem intencionados
Que tantas coisas feitas me falam
Sou mal agradecido sim
Sou terrível sim
Amargo
E estúpido
Que atenuem então minha dor
Como se dor fosse única
Como se existisse bula
Receita e regra


Não estou a ponto de recusar nada
Apenas oiço
Calado
Como se escalar um precipício
Fosse boa tarefa
E fácil missão
Ultimamente nem tenho
desdobrado minha meias
Nem me atento para as unhas
Apenas banho-me pra não ser atacado
Pelos bem intencionados.

APENAS UM OBEDIENTE


APENAS UM OBEDIENTE
Sandro Sanchez

Tenho a necessidade de pelo menos falar com os meus
Uma vez por dia
Nem se for pra dizer olá
Nem se for pra escutar as vozes
Somente pra resgatar meu aconchego


Meu lugar não é aqui
Mas não tenho saída
Tenho que aqui ficar
Tenho que ter paciência
Me disseram pra ter
E eu sigo
Sem duvidar
Apenas sigo
Por não ter saída
Nem ter escolha

Aliás.......

Tenho escolha sim
Escolho obedecer
Escolho me condenar
A saída é a sua
A esperança é dos outros
Forço a fé
E nem pergunto.

sábado, 27 de junho de 2009

DIRETAMENTE


DIRETAMENTE
Sandro Sanchez

Eu não odeio nada
nem ninguém eu poderia
odiar
odioso seria
se de forma normal
fosse visto
pois corriqueiro já é
ser eu um anormal


Quando me perguntam as horas
ou um caminho
gelo
paraliso e penso
que farei mal
ao me relacionar
nem se for
ligeiro e brando


Aos lados não olho
aos olhos não fito
só ando e comigo
mas como devo ser dois
procuro não me ver


Sei que olham
mas por favor
não interrompa
não vou lhe acrescentar nada
não pego folhetos
não pergunto rumos
melhor errar
ao ter que me relacionar


Não comento noticias
não pergunto do tempo
não reclamo da fila
sempre no fundo
pra não dar o desgosto


Prefiro não comer
a ter que sentar
e comentar o tempero
a fitarem o que como


Só me relaciono por não ter saída
por precisar de algum
para comprar minha paz
e minha solidão
para gastar
em ilusões

Não digo se é bom
prefiro não dizer,
prefiro não criar embates
pra não me extender
pensamento paralelo
é sempre assim
sem disputar lugar, é melhor.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

PARA ONDE SE VAI?


PARA ONDE SE VAI?
Sandro Sanchez

Como não consigo me ver livre,
vou me acostumando a conviver comigo
e só comigo
não entendo este plano, este futuro
guardado pra mim
meu caso não é de dor,
não é de amor, nem de sentimento
como disseste
meu caso é uma doença


Trancarei meu coração
então
olho por aí e não vejo cores
tento dormir e não consigo
mais uma vida se foi
mais uma vida largada pelo caminho


Mais uma vida que não superou
seus interesses
mais uma alma sem rumo
sem potência
sem luz
e calor


Sabes que sempre fui e sempre serei assim
mas por que debochas da dor?
mas por que se libertou de mim?
estou falido em pé agora
sem previsão
sem saber o que sou
o que é bom e mau
o que agrada
e o que perturba
até minha voz
meu modo de falar


tenho dúvidas....

segunda-feira, 15 de junho de 2009

CERTAMENTE UM DIA


CERTAMENTE UM DIA
Sandro sanchez

Me despi no meio da avenida
me revelei a multidão
a verdade inteira, doente e incompreensível
somente nós sabemos
e tentamos fingir que não está lá
que não lembra
que não acorda no meio da madrugada
e me pedindo


Eu fui até o topo
sangrei na sua frente
pedi um mantimento
uma esmola
mas é tarde
eu sei que é
sempre foi tardio

Mas desapareceu
e levou o véu
e achou que amou
e que nunca errou

Arrastou contigo
minha anestesia
carregou o curativo
pra usar em ti


Que pena daquele chão
onde corri e tropecei
onde sorri
e vomitei escuridão
escondi minha verdade


reprimi seus sonhos